Robson Cândido é denunciado por perseguição e violência psicológica contra ex-amante, utilizando estrutura da PCDF. Com decisão judicial, medidas protetivas ficam mantidas por mais três meses.
A Justiça do Distrito Federal prorrogou as medidas protetivas para que Robson Cândido, ex-delegado-chefe da Polícia Civil do DF, mantenha distância da ex-amante que o acusa de perseguição. De acordo com investigações do Ministério Público, Cândido usou a estrutura da PCDF para cometer os crimes.
Preso em novembro de 2023, Cândido atualmente responde em liberdade, mas está proibido de se aproximar da ex-amante, fazer contato com ela, ou se aproximar de sua casa, trabalho ou local de estudo. A decisão judicial mantém essas medidas por mais três meses.
O juiz considerou o relato da vítima, que afirmou continuar se sentindo insegura e temer ser monitorada. A TV Globo entrou em contato com a defesa de Robson Cândido, que informou que pretende recorrer da decisão para tentar interromper as medidas protetivas.
Robson Cândido é acusado dos seguintes crimes:
- Perseguição
- Violência psicológica
- Interceptação telefônica ilegal
- Peculato
- Corrupção passiva
- Violação do sigilo funcional
Além de Cândido, o ex-delegado da 19ª Delegacia de Polícia de Ceilândia, Thiago Peralva, também é investigado. Ambos são acusados de se unir para cometer os crimes em contexto de violência doméstica e familiar, além de crimes contra a administração pública.
Denúncia de perseguição
No material apresentado à Justiça, a vítima relatou que em 22 de agosto de 2023, após pedir o fim do relacionamento, Cândido a aguardou na saída do trabalho, em Águas Claras, em um local que ela diz ser restrito. A mulher gravou a conversa entre eles, onde Cândido insistiu para que ela fosse com ele, mas ela se recusou e reclamou de sua presença no trabalho dela.
Conforme a denúncia do Ministério Público, após ser bloqueado no WhatsApp e nas chamadas telefônicas, Cândido começou a usar linhas corporativas da Polícia Civil para contatá-la. A mulher então começou a gravar as ligações que recebia de números desconhecidos, e em um áudio, afirmou não ter mais interesse no delegado, mas ele insistiu em manter o relacionamento.
Contato com Ibaneis
A vítima anexou ao material entregue aos investigadores mensagens de texto que, segundo ela, foram enviadas ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Na conversa, a ex-amante do diretor-geral da PCDF enviou vídeos e um texto extenso relatando ser perseguida por Cândido, acusando-o de usar carros oficiais da polícia e fazer coações, inclusive segurando-a pelo braço e ameaçando sua integridade física.
Segundo a vítima, o ex-chefe da Polícia Civil dizia que a única pessoa que respeitava era o governador do DF. Ela pediu uma conversa com Ibaneis Rocha para resolver o caso sem exposição na mídia. Em resposta, Ibaneis teria dito: “Melhor procurar a delegacia”. A vítima respondeu: “OK”.
‘Stalking’
Perseguir uma pessoa, online ou no mundo físico, pode resultar em prisão. Em abril de 2021, foi sancionada uma lei que incluiu no Código Penal o crime de perseguição, conhecido também como “stalking”. A pena para condenados é de 6 meses a 2 anos de prisão, podendo chegar a 3 anos com agravantes, como crimes contra mulheres.